OS MEUS RECADOS em memória
Espaço dedicado a temas polémicos da sociedade que, de algum modo, causem danos aos cidadãos comuns. Denúncia e reflexão ponderada de assuntos importantes com influência na humanidade e na vida das populações. Artigos "censurados" pelos media. Promoção da Educação e sabedoria para o sucesso. Por um repórter de guerra, com reportagens em Angola, Moçambique e Vietnam, além de outras itinerantes nos quatro cantos do mundo. Joaquim Coelho
domingo, 31 de dezembro de 2017
Memórias dos Tempos
OS MEUS RECADOS em memória
Musas do meu Imaginário
ENCRUZILHADAS DA VIDA
segunda-feira, 3 de julho de 2017
Combatentes Indignados
À Comunicação Social
OS COMBATENTES indignados
Nós não estamos a pedir mais do que nos é devido. Nós queremos que nos devolvam o que a guerra nos tirou: anos de vida, pelo desgaste prematuro; a dignidade estigmatizada no desprezo a que fomos votados pelos governantes da Pátria que juramos defender. Perdemos parte da juventude e dos nossos sonhos ao serviço da Pátria. A guerra nunca foi atraente. Estivemos lá porque somos pessoas de bem-querer à Pátria e a sociedade política nos obrigou. Muitos mergulharam no desespero e perderam a noção da realidade; outros sentiram o sangue a esvair-se sem retorno. Os que regressaram sentiram o abandono e o tormento das maleitas agarradas ao corpo e as visões das emboscadas e dos corpos esfacelados a perturbar as noites mal dormidas e completamente zonzos pelo stress sem redenção.
Confrontados com a imensa escuridão do regime que deu lugar à descolonização, às amplas liberdades e profundas alterações na sociedade, especialmente, com o retorno das populações desiludidas, escorraçadas e espoliadas dos seus bens e das raízes firmadas com denotado esforço de integração, sentimos os insultos e maldizer dos “retornados”, como se fossemos nós os responsáveis pela sua desgraça.
Os Combatentes foram desmobilizados e o estado descartou-se da responsabilidade de os integrar na sociedade, de onde os arrancou à força… e abandonou-os à sua sorte. Quanto aos “retornados”, foram devidamente apoiados na integração, receberam as ajudas merecidas e ocuparam empregos recusados a muitos dos Combatentes desmobilizados. Injusta desigualdade entre Portugueses; mas que diferença de tratamento e cuidados, senhores governantes!
No imaginário desta realidade transcendental, resumida em mais de 100 mil Combatentes com vidas lastimáveis e famílias em constante alvoroço devido às armadilhas do stress de guerra, somos forçados a elevar o nosso protesto e indignação até que sejam reconhecidos os préstimos à nação e recompensados pelo desgaste prematuro das nossas vidas. Sem aspirações a mártires nem heróis, apelamos à vossa sensatez e espírito humanitário para fazerdes o que há muitos anos deveria ter sido feito. Discutir e aprovar o “Projecto” de Estatuto dos Combatentes que o “Grupo de Trabalho” das Associações de Combatentes entregou, em Julho de 2016, aos Grupos Parlamentares da Assembleia da República.
Se não for feita a justiça que se impõe, acabaremos todos mortos e injustiçados. Aí, o Estado ficará eternamente coberto por um tenebroso manto de vergonha e os seus dignitários ficarão com tamanha carga na consciência que nem na tumba terão sossego.
5 de Junho de 2017
Joaquim Coelho, Presidente da Associação do Movimento Cívico de Antigos Combatentes e Coordenador do “Grupo de Trabalho” das Associações
Aprovado por aclamação na Assembleia-Geral de 20 de Maio de 2017, nas Caldas da Rainha