segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Pensamentos Globais

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PLANETÁRIO DA VIDA
Amo o culto da bondade que faz dos humanos companheiros. Dulcificando a vida, num ambiente purificado, quero o aroma da sabedoria que a liberdade anseia para tonificar os corações oprimidos nas manhãs de cada dia.
Bendita sejas tu, em forma de simplicidade em tonalidades do bem; se almejas a felicidade, conta comigo também.
Porque só nos largos horizontes se encontra a luz brilhante, fazendo germinar as sementes da candura de cada amante. Os rostos salpicados de carinho, nos olhos sem suplícios, os gestos meigos que alisam o caminho.
Se a vida está no crepúsculo, apelamos aos deuses que prolonguem a magia e que traga os benefícios que nos conduzam ao mundo das luzes luxuriantes onde podemos pintar a manta, em diversões. Mas, se as divindades nos recusam a ajuda, perdemos o sentido de cata-ventos e podemos ficar infelizes por mais tempo.
A grande festa da vida está nos românticos ideais, contrapondo à maldade a vontade bem sentida dos gorjeios dos rouxinóis e na exaltação harmoniosa dos hinos de fé ardente.
Nos confins eternos da verdade, o amor é uma evidência criadora: a alma anseia altaneiros voos, logo o coração a arfar no peito, se agita na venerável emoção da vida e os ventos trazem à memória os teus brandos odores difundidos no jardim celestial em forma de templo erguido às musas no reino dos poetas idílicos.  
Quem vai embarcar para outro planeta? Eu continuo aqui na lua com a minha mão na tua, cruzando os caminhos tranquilos da maturidade harmoniosa; estou envolvido nesta viagem, afastado dessa loucura das corridas ao supermercado e dos rios malcheirosos de seres gastos pela voragem; longe das vicissitudes que põem o mundo paranóico; continuo aqui em exclusivo, observando o mundo agressivo embarcado num planeta errante... tentando escapar aos malefícios da troika que veio arruinar Portugal!

Tempos modernos… guerreiros eternos!
Joaquim Coelho       






NADA É PERFEITO!

Quando Deus criou o mundo, fez tudo muito certinho até ao dia em que criou o homem. Depois de apreciar a criação, descansou sossegadamente.
O Adão passeava no paraíso sem grande vontade de cultivar as terras e nem apreciava a beleza que o rodeava. Vendo isso, Deus procurou uma solução para quebrar a solidão do Adão… Então, Deus criou a mulher.
Desde esse dia, nem o homem nem o mundo tiveram mais sossego e Deus não mais descansou.

PENSAMENTOS do Coelho
Uma pessoa sem ideais vive à espera que a sorte resolva a sua vida.
O progresso da humanidade é o resultado da persistência dos estudiosos na busca de soluções direccionadas no aproveitamento da confluência das energias do homem com a natureza.
O saber é fonte de progresso e de bem-estar, além de genuína fonte de virtudes.
A tolerância perante os imbecis pode ser razão de cobardia social; mas o servilismo não se pode conciliar com a dignidade.
Os lacaios são aqueles que elevam a fama alheia para tirarem partido dos favores dos seus apregoados.
A rotina dengona e mundana é o expoente dos preguiçosos; dos que nem se dão ao trabalho de pensar. É a renúncia ao progresso.
A imaginação é a grande impulsionadora do progresso, para que o futuro seja melhor que o presente.

     Joaquim Coelho
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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Criminosos do Costume

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VIDAS NA SARGETA

O virtuosismo da vontade afirmada nas acções construtivas desemboca no lirismo das mensagens abstractas que se difundem na beleza das montanhas adormecidas. Mas a realidade que nos cerca encarna a mentira tantas vezes repetida pelos governantes que enjoa o mais resistente desta viagem no mar das desgraças acumuladas. E, a vida começa a perder a suas virtudes, quando o paciente percebe que a razão da sua existência está a mergulhar na escuridão das sargentas que a sociedade lhe arremessa sem retorno. 
Ora, esse despertar para a nua realidade do fatal momento da entrada no limbo dos aflitos provoca uma revolta tal que pode desencadear reacções inconsequentes e dramáticas.
Dizia um amigo psicólogo, com alguma ironia: “se não te cultivas na arte da ratazana, jamais viverás no meio da abundância; serás sempre miserável, um cobarde pagador de impostos; trabalhador no emprego sem glória, tão frágil e imprevisto como as asas das borboletas. Se não endureces as emoções, serás como uma libelinha tão leve e frágil que não resistes à menor convulsão social. Os efeitos da máquina trituradora são nefastos, destroem as mais nobres vontades, deixando um rasto de angústia e de miséria; e, quando te deres conta da realidade, simplesmente estarás a ser esmagado como um insecto que teve o azar de ficar debaixo da botarra do poder.”

Nas reuniões dos economistas políticos cultiva-se o “esquecimento” da sociedade real; então não sabem que a redução do poder de compra reduz o consumo? Em consequência, os produtores de bens não vendem, lançando mais pessoas no desemprego, que vão absorver os recursos da Segurança Social, para onde descontavam enquanto trabalhadores produtivos. Ora, se não há facturação de bens consumíveis, não há entrada de impostos… com a redução do poder de compra e sem consumidores não há economia que resista: a estupidez dos tecnocratas está a conduzir o país para o caos social e  provável bancarrota.  
A alta criminalidade económica vive tranquila, porque os fazedores das leis esburacadas convivem nos mesmos ambientes da roubalheira instituída; sendo amigos dos agentes da justiça, nada lhes acontece. Para enganar os pacóvios, fazem investigações inúteis, enquanto os processos prescrevem vergonhosamente!
Como dos pequenos não reza a história, sabe-se que a criminalidade menor (a dos pobres e deserdados da sorte) se desenvolve nos terrenos férteis do desemprego - toda a gente sabe disso e nada se faz em oposição ao progressivo desenraizamento dos povos que vão em busca de melhores salários - há que ter consciência da realidade, acabar com a indiferença. Os governantes devem cultivar outra “inocência” cívica; nada de cultivar a indiferença para abafar a esperança dos que têm fome! Não vamos permitir tamanhos crimes da civilização com uma suposta sociedade de oportunidades para todos, quando uns são mais oportunistas do que outros!

Joaquim Coelho – Termas actuais
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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Políticos de Sargeta

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Uma resposta (mais uma...) às declarações proferidas por Macário Correia àcerca das FFAA.
Um abraço.

Manuel Prazeres
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Declarações infelizes do Eng.º Macário Correia, Presidente da CM de Faro


O Engenheiro Macário Correia, político, governante, autarca e outras apetências, resolveu “inteligentemente” em momento difícil da vida nacional e da sociedade portuguesa, em que a coesão é fundamental, ofender a instituição militar e os seus servidores que, em última instância são, não só o garante da defesa militar da república, mas a quem incumbem, entre outras missões vitais do país, missões de protecção civil e satisfação das necessidades básicas e a melhoria da qualidade de vida das populações.

O Senhor Ministro da Defesa Nacional comentou negativamente a “ignorância”, do político, ex-governante e agora autarca quanto às atividades de Defesa Nacional e das Forças Armadas. O General Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas reagiu mandando publicar um comunicado repudiando a forma como aquele senhor se referiu às Forças Armadas.

Cartas, mails e outras formas de expressão, têm sido recebidos e utilizados em termos pessoais, para repudiar os termos e a inoportunidade e forma de ataque a uma Instituição estruturante de Portugal e que ultimamente deu ao país a possibilidade e direito deste senhor se expressar da forma como o fez e que se tem reorganizado e adaptado às circunstâncias como nenhuma outra. Este conjunto de reacções não significam que o senhor tenha qualquer importância ou cause qualquer preocupação às Forças Armadas.

O preocupante é ser o político, o governante, o autarca, esquecendo as responsabilidades que recaem não só sobre si próprio, mas as que ele arrasta sobre a classe dos políticos, dos governantes e dos autarcas que ele indirectamente simboliza. As declarações proferidas a 13 de Setembro na Rádio Renascença, mais do que serem repudiadas devem merecer de quem as proferiu, um pedido de desculpas às Forças Armadas que são, em matéria de reestruturação e de redução, um exemplo para outras organizações do país, estando no limite, para continuarem a ser consideradas como tal.

Desconhecemos se algum dia o senhor engenheiro jurou bandeira, mas jurou certamente a constituição, dadas as funções que já desempenhou, que terá jurado cumprir com lealdade. Ali constam as missões das Forças Armadas. Compete ao Presidente da República e ao Ministro da Defesa Nacional garantir a soberania do estado, a independência nacional e a integridade territorial de Portugal, bem como assegurar a liberdade e a segurança das populações e a protecção dos valores fundamentais da ordem constitucional contra qualquer agressão ou ameaça externa, sendo as Forças Armadas a componente militar fundamental de tal garantia.

Perceberá o senhor engenheiro esta linguagem ou está interessado em reduzir a zero a capacidade de resposta das Forças Armadas nesta missões e noutras como as missões internacionais, na cooperação com as Forças de Segurança, na cooperação técnico militar, nas missões de protecção civil, nas missões de paz e humanitárias.

Se um dia os dirigentes portugueses, como o senhor, conduzissem à redução das Forças Armadas a Zero, seriam responsáveis por ter abolido séculos de História do país e certamente esse país passaria a ser outro, pois deixaria de ser “obra de soldados”.

Aqueles a quem um dia meteram uma arma na mão e mandaram marchar contra inimigos externos ou no cumprimento de tratados assinados com países amigos, não têm na constituição como missão usá-las contra inimigos internos. A coesão nacional e a estabilidade social não se fortalecem tentando enfraquecer o último suporte que é o garante dessa coesão e dessa estabilidade.
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Senhor Engenheiro Macário Correia.

A Liga dos Combatentes junta-se a todos os que repudiaram as suas palavras acendedoras de mais fogueiras num país “em chamas”. Durante a sua campanha eleitoral para a função que agora desempenha, lembro-me de ter visto Vª Exª comparecer, por iniciativa própria, a uma missa em memória dos mortos da guerra do ultramar e, no mesmo dia, comparecer na cerimónia de inauguração do monumento aos combatentes do Ultramar inaugurado em Faro. Será que as Forças Armadas e os Combatentes do Ultramar, seriam a sua organização modelo, ou serviam, naquele momento, para a sua campanha eleitoral? Agora, sem se vislumbrar o objectivo ataca as Forças Armadas. Talvez seja um objectivo de diversão relativamente à incapacidade de levar a autarquia porque é responsável, capital do Algarve, a conseguir impor -se como tal, relativamente às restantes e importantes autarquias do sul do país… Mas agora é essa a sua missão. Cumpra-a. E peça desculpa.

http://www.ligacombatentes.org.pt/arquivo_de_noticias/mais/314
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E AGORA, Ministro da Defesa?   


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Políticos e traidores

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INQUIETAÇÃO, política
A banalização do fatídico argumento da globalização está a criar uma onda de indefesos contra a horda de selvagens que se vagueiam sob o manto da impunidade e da cobardia dos responsáveis pela aplicação da justiça.
O poder político continua a usurpar direitos e a acumular benesses materiais e sociais injuriosas para a esmagadora maioria dos cidadãos votantes e pagantes de impostos injustos. Como uma corja de senhores do feudo absolutista do direito do comum dos cidadãos. Não passam de profissionais incompetentes e degenerados da sociedade, mas ufanam-se da sua auto-legislada condição de pensadores absolutistas comportando-se como autênticos sorvedouros dos dinheiros dos contribuintes e de cujos feitos práticos pouco se aproveita de útil para a sociedade que dizem representar.
Enfim, não podemos ter melhores representantes da tragédia que vai corroendo a moral e a palavra de honra que serviu de açoite ao senhor do reino Egas Muniz perante os reis de Castela. Mas não é aqui na Pátria lusa que estes cidadãos aprendem tamanhas barbaridades, contra a moral e os bons costumes dos virtuosos lusitanos. É ver o que tem sido o compadrio e a benevolência comprometedora perante as populações da Bósnia - Srebrenica, criando autênticos campos de extermínio para os comandantes das limpezas étnicas satisfazerem os seus prazeres de genocídio; sem que os ocidentais protectores do mundo dessem um sinal de desagravo, quanto mais de repressão armada com os meios de que dispunham no terreno e que levaram muita gente ao seu encontro sob o manto protector da ONU. Que cinismo escabroso se abateu sobre os descendentes dos resistentes ao nazismo alemão! Mas já não há muita distância entre o jornalismo corrompido pelo poder político e a escumalha que se passeia pelas cadeiras da Assembleia de S. Bento. Tudo há-de acabar – cá estaremos para ver.
Joaquim Coelho
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ASSUNÇÃO ESTEVES Reformou-se aos 42 anos de idade...cansada...muito cansada...

ASSUNÇÃO ESTEVES - Presidente da Assembleia da República
por Guilherme Antunes a quinta-feira, 1 de Setembro de 2011 às 12:01

Reformou-se aos 42 anos de idade...cansada...muito cansada...
Quadro do partido laranja, e pelo seu partido escolhida para o cargo mais alto da representação do Estado, a seguir ao presidente da República. Aqui se denuncia uma ética política, aqui se denuncia um açambarcamento faccioso, aqui se denuncia uma mentalidade de rapina.
Uns têm que trabalhar até aos 65 anos com reformas cortadas em 20%, mesmo que tenham descontado para a reforma durante 40 anos ou mais. São os trabalhadores portugueses, o grosso da população, a classe mais débil, a mais necessitada, a que deveria de ter mais apoios do Estado. Aquela que tudo produz!
Esta personagem importante da quadrilha que governa Portugal, reformou-se aos 42 anos, com 2.445€/mês, após 10 anos de trabalho.
Os portugueses todos, têm de ganhar a consciência que esta canalha de gente nos destruirá. Dizimar-nos é o objectivo central do grande capital financeiro. Fá-lo-ão de qualquer maneira, sabedores que são, que o seu sistema político não lhes resolve o problema de enriquecimento ilícito ao mesmo tempo acompanhado de algum bem-estar social de décadas atrás. O capitalismo tem como meta a atingir a dominação total dos povos e reduzi-los a uma nova forma de escravatura.
PAUL ELOUARD - "É preciso voltar a despertar veredas, a descerrar caminhos, a extravasar as praças e a gritar o teu nome - LIBERDADE"
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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O Grito dos Explorados

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TEMPO DE BORRASCAS

O universo é grandioso e a vida enfrenta muitos perigos, mas o pior é que a consciência dessa imensa vastidão se torna angustiante perante a nossa pequenez, mas tentamos sempre abarcar o máximo de conhecimentos para explorar o nosso espaço no mundo; será esta a melhor forma de sobreviver à inquietante certeza do desconhecido.  
E este nosso mundo não passa de uma aldeia onde estamos cada vez mais próximos uns dos outros. Se souber observar, sente os problemas do seu vizinho. Não podemos ocultar a verdade que brota da vontade dos povos em se libertarem das amarras que os oprimem e aniquilam ou limitam a sua condição de seres de pleno direito no contexto da sociedade que se desenvolve com os recursos que lhes são usurpados. Já não podemos dizer que ignoramos as injustiças praticadas em nome dos interesses mais poderosos, cujos princípios estão caducos e as estratégias nascem de ideias redutoras para o homem. A ganância dos poderosos do mundo financeiro está a criar um universo de escravos, porque a exploração do homem que trabalha está a atingir os limites do racional.     
Joaquim Coelho
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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Guerra Colonial em Tema

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O QUE SE DIZ DA GUERRA COLONIAL

No plano das narrativas, temos assistido a algumas bacoradas lançadas a público por meia dúzia de indivíduos que pouco fizeram durante a guerra, portanto sem relação com as vivências no terreno. Pela amostragem, aparecem quase sempre os mesmos, gente que esteve longe dos dramas e das angústias vividas no meio das matas e dos trilhos ou picadas onde o perigo das emboscadas e das minas eram o tormento de todos os minutos.
Lamentavelmente, os indícios sobre a tentativa de branquear os erros dos governantes e minimizar o desempenho dos verdadeiros combatentes são evidentes e fazem parte da vergonhosa campanha para justificar o desprezo pelos que sofreram no corpo e na alma os efeitos da guerra e são uma afronta à memória dos “nossos” mortos em combate.
Esses arautos da mentira esquecem-se que houve muitas situações trágicas que causaram a morte a mais de dez mil homens cuja missão era proporcionar segurança e bem-estar aos que trabalhavam na rectaguarda.
Depois, temos uma casta de escritos a difundir a ideia dos desertores ou cobardes proscritos pela Pátria que traíram. São enredos com palavras bonitas e bem colocadas mas vazias de conteúdo perceptível para a maioria dos portugueses que tiveram alguém envolvido numa guerra que marcou a vida duma geração e mexeu com mais de um milhão de famílias portuguesas. Fazem parte de um trabalho dirigido à elite intelectual dos senhores lobistas que vivem nas catacumbas parasitárias da cultura portuguesa; são família do mesmo lóbi que tem contribuído para agravar o definhar da sociedade, especialmente na educação e saber que são o fundamento dum povo a precisar de ideias e acções capazes de salvar o que resta dos valores da cidadania. 
Do que temos visto dos arautos da Guerra Colonial, são poucos os exemplos de patriotas com coragem para defenderem uma imagem digna dos combatentes. Curiosamente, temos dois maus exemplos nas pessoas de Manuel Alegre e António Lobo Antunes cujos textos continuam a estar na estampa, mas as suas acções públicas deixam um rasto de insultos que indignam os verdadeiros combatentes da Guerra Colonial. Destes dois “famosos” não se conhecem tomadas de posição que ajudem a resolver os principais problemas em aberto no contexto da descolonização: assistência e apoio efectivo aos traumatizados e a devolução, às terras de origem, dos restos mortais dos combatentes que ficaram nas terras remotas de África.

Valongo, Maio de 2009

Joaquim Coelho, ex-combatente em Angola e Moçambique




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O QUE FOI NOTICIADO:

A TODOS OS HOMENS QUE ESTIVERAM NO ULTRAMAR (Principalmente em Angola),

E A TODAS AS PESSOAS QUE AINDA ACREDITAM QUE OS ESCRITORES SÓ ESCREVEM COISAS VERDADEIRAS E SÃO IMPUNES NA VIDA E NA HISTÓRIA DO PAÍS...
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António Lobo Antunes e a escrita mentirosa

Custa-me encontrar um título apropriado à escrita de António Lobo Antunes que, podendo ganhar dinheiro com a profissão de médico, prefere a escrita para envergonhar os portugueses. Talvez este início de crónica escandalize quem costume venerá-lo. Eu, por maior benevolência que para com ele queira usar não posso, nem devo. Por várias razões, algumas das quais vou enunciar. Porque não gosto de atirar a pedra e esconder a mão.

Este senhor foi mobilizado como médico, para a guerra do Ultramar. Nunca terá sabido manobrar uma G-3 ou mesmo uma Mauser. Certamente nem sequer chegou a conhecer a estrutura de um pelotão, de uma companhia, de um batalhão. Não era operacional mas bota-se a falar como quem pragueja. Refiro-me ao seu mais recente livro:

João Céu e Silva pode reclamar alguns méritos deste tipo de escrita. Foi o entrevistador e a forma como transpõe as conversas confere-lhe alguma energia e vontade de saber até onde o entrevistado é capaz de levar o leitor. Mas as ideias, as frases, os palavrões, os impropérios, as aldrabices - sim as aldrabices - são de Lobo Antunes. Vejamos o que ele se lembrou de vomitar na página 391:

«Eu tinha talento para matar e para morrer. No meu batalhão éramos seiscentos militares e tivemos cento e cinquenta baixas. Era uma violência indescritível para meninos de vinte e um, vinte e dois ou vinte e três anos que matavam e depois choravam pela gente que morrera. Eu estava numa zona onde havia muitos combates e para poder mudar para uma região mais calma tinha de acumular pontos. Uma arma apreendida ao inimigo valia uns pontos, um prisioneiro ou um inimigo morto outros tantos pontos. E para podermos mudar, fazíamos de tudo, matar crianças, mulheres, homens. Tudo contava, e como quando estavam mortos valiam mais pontos, então não fazíamos prisioneiros».

Penso que isto que deixo transcrito da página 391 do seu referido livro, se vivêssemos num país civilizado e culto, com valores básicos a uma sociedade de mente sã e de justiça firme, bastaria para internar este «escriba», porque todo o livro é uma humilhação sistemática e nauseabunda, aos Combatentes Portugueses que prestaram serviço em qualquer palco de operações, além fronteiras.

É um severo ataque à Instituição Militar e uma infâmia aos comandantes de qualquer ramo das Forças Armadas, de qualquer estrutura hierárquica e de qualquer frente de combate. Isto que Lobo Antunes escreve e lhe permite arrecadar «350 contos por mês da editora» (p. 330), deveria ser motivo de uma averiguação pelo Ministério Público. Porque em democracia, não deve poder dizer-se tudo, só porque há liberdade para isso. Essa liberdade que Lobo Antunes usou para enriquecer à custa o marketing que os mass media repercutem, sem remoques, porque se trata de um médico com irmãos influentes na política, ofendeu um milhão de Combatentes, o Ministério da Defesa, uma juventude desprevenida, porque vai ler estes arrotos literários, na convicção de que foi assim que fez a Guerra, entre 1961 e 1974. E ofende, sobretudo, a alma da Portugalidade porque a «aldeia global» a que pertencemos vai pensar que isto se passou na vida real nos finais do século XX.

Fui combatente, em Angola, uns anos antes de Lobo Antunes. Também, como ele fui alferes miliciano (ranger). Estive numa zona muito mais perigosa do que ele: nos Dembos, com operações no Zemba, na Maria Fernanda, em Nuambuangongo, na Mata Sanga, na Pedra Verde, enfim, no coração da guerra. Nunca um militar, qualquer que fosse a sua graduação ou especialidade, atirou a matar. Essa linguagem dos pontos é pura ficção. E essa de fazer cordões com orelhas de preto, nem ao diabo lembraria. E pior do que tudo é a maldade com que escarrou no seu próprio batalhão que tinha seiscentos militares e registou centena e meia de baixas...Como se isto fosse crível.

Se o seu comandante que na altura deveria ser tenente-coronel, mais o segundo comandante, os capitães, os alferes, os sargentos e os soldados em geral, lerem estas aldrabices e não exigirem uma explicação pública, ficarão na história da guerra do Ultramar como protagonistas de um filme que de realidade não teve ponta por onde se lhe pegue.

Em primeiro lugar esta mentira pública atinge esses heróicos combatentes, tão sérios como todos os outros. Porque não há memória de um único Batalhão ter um décimo das baixas que LoboAntunes atribui àquele de que ele próprio fez parte . É preciso ter lata para fazer afirmações tão graves sobre profissionais que para serem diferentes deste relatório patológico, basta terem a seu lado a Bandeira Portuguesa e terem jurado servi-la e servir a Pátria com honra, dignidade e humanismo.

Não conheço nenhum desses seiscentos militares que acolheram António Lobo Antunes no seu seio e até trataram bem a sua mulher que lhes fez companhia, em pleno mato, segundo escreve nas páginas 249 e 250. Mereciam eles outro respeito e outros elogios. Porque insultos destes ouvimos e lemos muitos, no tempo do PREC. Mas falsidades tão obscenas, nem sequer foram ditas por Otelo Saraiva de Carvalho, quando mandou prender inocentes, com mandados de captura, em branco e até quando ameaçou meter-me e a tantos, no Campo Pequeno para a matança da Páscoa. Estas enormidades não matam o corpo, mas ferem de morte a alma da nossa Epopeia Nacional.

Barroso da Fonte

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PS de Cor. Manuel Bernardo
Não li o livro em causa. No entanto, dada a consideração que me merece este Combatente, fundador da Associação dos Combatentes do Ultramar, ousei realçar algumas frases e difundir para maior audiência na net, afim de tentar recolher opiniões de alguns dos 600 militares que este escritor refere... Assim, os "negritos" foram por mim aplicados e são da minha responsabilidade.
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domingo, 26 de junho de 2011

Nosso Tempo

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O TEMPO E O ESPAÇO
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O nosso Tempo é a nossa vida, logo o ambiente é o nosso espaço para viver. Ninguém conseguirá voltar ao tempo passado, muito menos revivê-lo.
Tudo o que fizermos será inexoravelmente do passado, pelo que devemos estar preparados para assumir as consequências das nossas acções e atitudes, enquanto poderemos aprender com os erros cometidos.
No presente, podemos melhorar o futuro, mas nada podemos fazer pelo passado. Por isso, será sempre no presente que preparamos algo de útil para o futuro; e isso deve merecer o orgulho de uma vida que passa sem perda de tempo em futilidades. É preciso não esquecer que todos os minutos contam para uma vida, pelo que devemos saber aproveitá-los sem perda de tempo, para não ouvirmos aquela do tio Olavo: “Nós matamos o tempo, mas é ele que nos enterra.”
Se não és feliz no teu mundo pessoal, se não tens horizonte definido, afasta as sombras que tolhem a visão desafogada, afasta as lembranças das coisas que te causam infelicidade, abre a janela e procura seguir o melhor caminho que vires no horizonte, sem nunca desprezares os conselhos dos verdadeiros amigos.
Para mitigares os temores da noite, afasta a ideia de que a noite é um absurdo porque a alma é imortal. Se vives os problemas do passado e transportas para o futuro todo o mal que já causaram, não podes ser feliz assim, com essa carga negativa a tolher-te os dias de sol que a vida te oferta gratuitamente.
Para os mais descrentes na sua capacidade de vencer, há uma espécie de “ironia do destino”, porque vivem amarrados ao passado triste sem motivação para se libertarem do eco das más memórias. Ninguém nasce predestinado. A vida é uma sequência de escadas que teremos que subir com resignação e sabedoria.
Percorri muitos caminhos, sem medo do fim… naturalmente, tive que tomar decisões controversas, com a convicção de que a vida é uma dádiva e nós somos o projecto indefinido que precisa de ser retocado ao ritmo do tempo.
Ao longo da viagem que nos é proposta, só temos que realizar o sonho e ter fé para percorrer as distâncias com a naturalidade das nossas faculdades. Inevitavelmente, fazemos parte do mundo e teremos que evitar o enredo dos labirintos que possam prejudicar as nossas capacidades cognitivas, além de procurarmos colher nos bons exemplos os ingredientes que nos possam ajudar a avançar com coerência e respeito pelos que nos rodeiam.

Joaquim Coelho – Tempo de Reflexão

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quarta-feira, 22 de junho de 2011

GLOBALIZAR e Convergências

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 Presidente da Assembleia da República

GLOBALIZAR
A globalização da sociedade tem vindo a agravar todas as formas de mediocridade. A ganância do lucro a qualquer preço aniquila as melhores vontades de solidariedade. Mas a maior imoralidade está na publicidade ao consumo desmesurado, despindo as pessoas dos valores virtuosos da solidariedade humana.
O país está invadido por uma máfia organizada na importação e distribuição de bens de consumo de duvidosa qualidade - em muitos casos perigosos para a saúde, e a conivência dos hipermercados com esta cambada de agiotas torna as populações indefesas perante tal embuste.
Enquanto isso, os bens produzidos em Portugal, com garantia de melhor qualidade, vão sendo desprezados pelos grandes supermercados, destruídos e enterrados, levando muitos produtores à ruína e o país à improdutividade por falta de acções patrióticas na defesa do PRODUTO NACIONAL.



a engrenagem que nos trama...


CONVERGÊNCIAS

Estamos numa passagem com muitas bifurcações desconhecidas; caminhos incertos que teremos de percorrer para atingirmos maturidade própria sem nos desumanizar. Há um caminho colectivo a percorrer e uma missão a terminar, que será a soma das nossas acções individuais livres das tiranias ideológicas e sociais; sem subverter os princípios da existência como sociedade fraterna, devemos procurar dar as mãos em prol da libertação das ideias e difundir mais formação e cultura aos desajustados, para combater o obscurantismo que manipula, embrutece e oprime.
Acima de qualquer libertação material, teremos que consolidar a libertação das amarras à ignorância aniquiladora de toda a vontade de progresso. Mesmo sabendo que o sistema económico é extremamente injusto para com os cidadãos que trabalham, o maior erro é desistir de lutar por melhores condições de vida. A formação profissional e a permanente colheita de ensinamentos com vista a melhorar o desempenho e os níveis de produtividade são o suporte da estabilidade no emprego e a garantia de melhores retribuições.
Teremos que ser diferentes e saber difundir as coisas boas, mas também a ideia crítica daquilo que restringe o desenvolvimento do país e das suas gentes.
Joaquim Coelho – Temas actuais
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quarta-feira, 1 de junho de 2011

VAMOS A VOTOS


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REGABOFE DA POLÍTICA – VAMOS A VOTOS

Há homens na governação que se julgam deuses empossados. Dos cérebros escapam-se as energias alienatórias num estranho efeito da conjugação dos vícios degradantes com a ilusão do poder incongruente. A dinâmica do pensamento fez dos homens seres pensantes; e não serão os deuses nem os ditadores a limitar o destino de cada um, porque todos têm mãos para criar e para votar.
De certa maneira, é preciso alguma obstinação para desancar nos broncos da política. Muitos não passam de bonzos paroleiros das autarquias e da Assembleia. Tudo isto é uma paródia nacional, uns vivem por impulsos endeusados nas promessas que são enganos, outros vão desferindo os seus golpes rasteiros nos recursos naturais e nos impostos. Benesses, todos as viabilizam aos amigos, sem restrições figurativas e quem paga é o erário público.
Depois, aparecem os parceiros endeusados do dinheiro a ditar as leis que levam à pobreza. A Europa é uma tanga que nos aperta o cinto até mirrar o corpo que é nosso. A alma foram os bandidos que a hipotecaram para a vida inteira, já nem o diabo nos amedronta tanto como os coveiros da nação.
Para os que acreditam que Portugal já passou por mais graves privações, usem o voto com devoção.
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Joaquim Coelho, contribuinte desde 1953.



José Sócrates vai emigrar para Angola
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.. SÓCRATES NO INFERNO

És tu o palhaço excomungado
Pelos rostos que enganaste
Com cenas de circo dependurado
Nos esqueletos que amedrontaste.

És tu, Sócrates, a moer a paciência,
Com mentiras, o dito pelo não dito;
Estás desprovido de consciência
E não ouves o povo no seu grito.

És tu a desgraça do meu país…
Distribuis o erário pelo rebanho
Composto de ladrões com matriz
Para sacar tudo quanto é ganho.

És tu que nos queres amordaçar
E nos tens armadilhado os caminhos
Com tantas traições a ameaçar
A vida percorrida com espinhos.

És tu a causa da grave corrupção
Que nos suga os últimos recursos
Produzidos com esmero e devoção
No intervalo dos vossos discursos.

És tu o arquitecto deste inferno
Onde vais queimando a confiança;
Desaparece para o fogo eterno
Para voltarmos a ter esperança.

Se não atenderes este meu rogo
É inevitável que te vais acautelar;
Já conhecemos bem o teu jogo
E um dia havemos de te castigar.

Joaquim Coelho
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sábado, 28 de maio de 2011

TEOREMA DA MEDIOCRIDADE

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FLAGELOS DA MEDIOCRIDADE
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Numa sociedade onde a mediocridade é a regra da sobrevivência, os medíocres aumentam na proporção directa da escassez de valores morais. Uma característica moderna dos medíocres é que são cada vez mais incolores e incapazes de chegar à perfeição; contrariando mesmo os ideais dos seus próximos. São domesticáveis, ou com propensão para contrariarem os demais só por sofisma.
São ignorantes para os talentos dos artistas, não querendo saber das suas quimeras, cegos para as auroras dos dias lindos; sem horizontes definidos, estão condenados ao fracasso, a vegetar e a ser infelizes.
Incapazes de praticar qualquer virtude ou acção altruísta, são intolerantes para com os virtuosos e capazes de praticar maldades sem conhecerem o remorso!
Nunca tomam decisões baseadas na sensatez. Ignoram a serenidade e perturbam a serenidade dos outros, acomodando-se com a indignação que provocam com as suas ofensas. Não apreciam a honra nem a dignidade; ao renunciarem aos valores da sociedade, tornam-se incómodos e perigosos para os demais. Ao desprezarem o valor do trabalho dos outros, facilmente passam à condição de parasitas da sociedade.
A baixeza do propósito rebaixa o mérito do esforço que pode embelezar a vida. E é esta vulgaridade de comportamentos que conduz à falsidade, ao confronto, à avidez, à simulação e à cobardia. Enfim, são como uma praga que alastra nos meios que frequentam ou por onde vivem.
Por causas próximas da mediocridade, nos dias de hoje temos vários dramas a atestar que a sociedade se degrada:
Em muitos dramas do quotidiano, a virulência com que se expõe o lado negro da natureza humana, a falência da família como célula social harmoniosa, o nevoeiro que rodeia a existência e esconde os 90 por cento de ilhas que somos todos nós, começa a ser uma ameaça à estabilidade social. O quotidiano da vida social revela a sua tragédia como um colectivo de seres humanos mediocres.
Inevitavelmente, o nevoeiro ameaça regressar, depois de ter dado lugar ao sol da manhã em que a família começa a dispersar-se, cada um para as suas tarefas do dia: a louca correria para os transportes, o cumprimento dos horários de trabalho e o tempo de estudar… são o pronuncio da agitação das famílias em que a dona de casa vê a névoa distante dos filhos e do marido envolta na sua tragédia pessoal de afirmação de mulher emancipada mas sem emprego; este é o nevoeiro que a engole desde que saiu da segurança da casa dos seus pais, onde se sentiu apaixonada e com a esperança num casamento duradoiro. Este é mais um sinal perturbante onde se sente a fragilidade da sociedade no âmbito da sua base familiar, que causa transtornos emocionais e escurece a luz da esperança.
Depois temos os casos de endividamento excessivo, com todas as consequências nefastas das pressões dos credores para receberem a tempo e horas. E quem são os agentes desses credores? Ora nem mais, uns tantos mediocres instalados em lugares de decisão sem qualquer visão humanista.

Vivem assim muitas famílias em autodestruição, cuja única ligação ao real que quase as mantém fora do nevoeiro é continuarem a lutar contra a adversidade e longe das memórias que trazem de casa dos pais com vidas estabilizadas. Sentem-se desamparados, quase órfãos das coisas boas que a memória lhes faz recordar!

No fim de contas, a razão de muitos fracassos é uma questão de entender o mundo e tomar medidas contra a mediocridade que envolve todos até ao fim da noite, quando já pouco falta para se apagarem as luzes.
Joaquim Coelho
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sábado, 21 de maio de 2011

POR CAUSA DOS INCÓMODOS

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POR CAUSA DOS INCÓMODOS

JAMAIS IREI VOTAR NOS LADRÕES!

Não sei se vou incomodar… ou se estou a perder o meu tempo com ninharias!
Quando o meu Portugal mais precisa de acertar as contas com os ladrões, eis que os governantes e administradores de topo são indiciados como os mentores de gangs de criminosos e associações de malfeitores. Quando percebi que o caminho estava livre para a entrada da “TROIKA” nas nossas vidas de pacatos cidadãos, fiquei com a esperança de que haveria uma limpeza nas empresas e organismos do Estado que nada fazem em prol da nação e absorvem muitos milhões de euros para manter as coutadas com os amigalhaços, boys e vermes improdutivos. Quando os portugueses precisam de governantes e gestores públicos honestos, competentes e defensores da ética e da justiça social, percebemos que não temos outra escolha senão votar em políticos manhosos, incompetentes, correligionários de partidos cujos meandros são autênticos esconderijos de patifes e ladrões, que espezinham os valores capitais da estabilidade duma sociedade naturalmente sã e solidária.
Não sei se estou a incomodar… mas não posso ver o meu país entregue a bandos de malfeitores, fazendo leis e criando sistemas que aliviem o perigo de responderem perante órgãos judiciais a valer. Tantas leis e normas que saem a granel, como dizia um notável professor: “estamos perante uma diarreia legislativa!” Curiosamente, são leis despidas de princípios normativos, complexas, muito opacas e cobertas por um manto nebuloso que dificulta a sua aplicação; percebe-se que são feitas à medida dos imbróglios onde estão embrulhados os seus mentores.
Não sei se estou a incomodar… mas nunca aceitei essa coisa do pessimismo, das previsões do Banco de Portugal, das declarações de intenções dos políticos, do juramento de fidelidade, quando sabemos que muitos titulares desses cargos fazem parte de grupos de activistas contra os direitos mais elementares dos cidadãos; foram esses que decretaram o controlo dos principais pilares da sociedade: judicial, segurança, saúde, educação e militar. Para melhor controlar todos os sistemas e manipular a vontade e a vida dos cidadãos, servem-se dos tentáculos das sociedades secretas (maçonaria e opus dei) que tudo controlam e usam para benefício próprio, em prejuízo dos portugueses.
Não sei se estou a incomodar… não tenho certezas absolutas, mas estamos a ficar esgotados do nosso espólio pessoal, estamos a perder a esperança de que virão dias melhores. Enquanto a maioria dos portugueses fizerem papel de estúpidos e votarem nos ladrões e vigaristas sem vergonha; enquanto se acomodarem com as migalhas; enquanto continuarem a sobreviver isoladamente, à espera que as coisas não piorem (mas tudo piora todos os dias); enquanto não virmos os ladrões dos dinheiros públicos metidos na prisão, meus caros concidadãos, começo a acreditar nos maus agoiros, porque vejo o meu país a caminhar para o abismo e para um perigoso desmoronamento da Segurança Social e dos bens do Estado. Espero que os escombros não me atinjam gravemente, pelo menos, no pensamento.
Joaquim Coelho


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sexta-feira, 6 de maio de 2011

Teorema da Felicidade


EM BUSCA DA FELICIDADE

O futuro começa hoje, porque amanhã já é passado!
A melhor maneira de viver feliz é ajustar aquilo que temos presente, ao nosso alcance, à vida de cada novo dia; posso garantir que a felicidade se pode encontrar com a aprendizagem e com as lições das experiências dos que nos rodeiam. Se formos bons observadores percebemos que os nossos amigos mais chegados se debatem com problemas muito parecidos com os nossos, porque fazem parte da mesma sociedade em competição por um futuro melhor. Estamos cada vez mais dependentes das instituições, dos mercados, dos apoios, dos acontecimentos exteriores, da globalização, da concorrência selvagem; mas não devemos esquecer que dependemos de nós próprios para adquirir conhecimentos, experimentar caminhos, formular respostas e encontrar soluções; para o futuro não há previsões exactas, mas pode haver projectos e ambições para os realizar, desde que admitamos que a sorte é um factor a considerar e que o erro ou o fracasso faz parte do percurso para o sucesso. A vida profissional bem como a vida emocional são constituídas por diversos patamares em forma de colina que temos de escalar; quando atingimos um desses pontos do percurso, devemos saborear a felicidade que isso pode proporcionar; essa ligeira paragem permite rever estratégias e ver melhor o caminho que a imaginação nos indicar, sem esquecer as mudanças entretanto ocorridas à nossa volta. Jamais devemos ficar desiludidos em caso de borrasca, porque só as pessoas de acção estão sujeitas a falhar – os patetas e os acomodados raramente falham porque nem sequer tentam mudar nada.
Posso afirmar com conhecimento de causa que a maneira mais prática de ser feliz é acreditar nas próprias capacidades, pondo-as à prova na aquisição de conhecimentos nas mais diversas áreas, na busca da perfeição sem obsessão idealista, no aperfeiçoamento das relações com os demais cidadãos, no desfrutar dos dons da vida com prazer, na aprendizagem com os mais velhos e bem formados, numa cultura de vivências virtuosas e solidárias. Atingidas estas metas elementares no caminho da felicidade, estaremos em condições de saborear a “suprema felicidade”.
NINGUÉM pode esquecer que a ambição desenfreada é a maior inimiga da felicidade e o maior entrave a uma vida digna e segura de confiança. Todos nós temos características e capacidades que nem sempre sabemos revelar, mas devemos tentar a sorte e não ficar à espera que sejam os outros a resolver os nossos problemas; as condições de competição são complicadas e não respeitam as regras da normal convivência, mas a maneira mais eficaz para vencermos é o saber acumulado, a confiança e capacidade de por à prova tudo quando aprendemos. Em qualquer tipo de relacionamento, devemos ter o cuidado de exigir mais de nós do que daqueles que amamos ou que nos são próximos.
“Se não és feliz com o que granjeaste com o teu esforço, jamais conseguirás ter tempo para seres feliz, porque te perdes na busca do que ainda falta”, dizia o meu avô materno.
       Joaquim Coelho – Temas actuais
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quarta-feira, 4 de maio de 2011

FMI - Quem nos tramou?


VERDADES IMUNDAS
- Quando o governo não quiser governar para o povo que o elegeu, deve tentar mudar de povo ou arrisca-se a governar para uma cambada de pacóvios que não são parvos!

- MATADORES DE INTELIGÊNCIAS
Vamos percebendo que alguns políticos contratam assessores especialmente dedicados a fazerem textos dirigidos ao populacho, que nada mais pretendem do que camuflar as mentiras e lançar nuvens de poeira para encobrir os actos públicos e administrativos nocivos ao povo. Assim como quem quer esconder a verdadeira dimensão das tentações de apaziguamento perante os escândalos financeiros e a ineficácia da justiça em julgar os prevaricadores, os “comentadores” oficializados e fiduciários a algumas televisões fazem o papel de charlatães ou demagogos rascas.
Poderá parecer estranho que tantos comentadores “especialistas em economia” não se tenham dado conta da realidade do país e se prestaram a encobrir o logro em que os governantes nos envolviam inocentemente. A verdade é que esses “senhores”, altamente bem informados nas catacumbas do poder, não fizeram mais do que alimentar a mentira e induzir o povo na ilusão de que o país estava bem e que os “boys” são uns coitados encostados ao orçamento do Estado, a troco de umas moeditas que vão angariando “subsidiariamente”, recebendo apenas uns trocos mensalmente: qualquer coisa como 5 ou 6 salários mínimos para assessores de 2ª classe!
A esses fazedores de opinião e outros correligionários da má política, assente em mentiras e fraudes encavalitadas umas nas outras, chamo anestesistas da opinião pública porque pretendem anular a capacidade de análise e crítica dos cidadãos, anulando também as capacidades da inteligência.
Depois, ou porque somos uma cambada de burros acomodados ou porque perdemos a iniciativa do protesto, aceitamos todos estes insultos como coisas banais.

Mais uma vez, a fatalidade acabou por ditar a sentença; temos a “troika” da gatunagem a ditar as leis do garrote à economia Portuguesa. Até quando vamos consentir que os ladrões continuem a roubar impunemente? 

     Joaquim Coelho – contribuinte desde 1953

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quarta-feira, 6 de abril de 2011

A ALIANÇA DA DESGRAÇA

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.Ora, cá temos os coveiros da nação... e outros que faltarão!


      VALORES DA NAÇÃO

Porque temos a nova profecia
deste país atolado na corrupção
onde se atropela a democracia
e os nobres valores da Nação.
Vamos acabar com a mordaça
e combater os políticos da gamela
até por fim ao governo de chalaça
que nos atrofia nesta viela
onde a pobreza é um fatalismo
e a miséria fruto do servilismo.

Parece um caos civilizado
onde só o povo é martirizado…
mas o tempo da mudança
vai acabar com as barreiras
e restaurar a universal confiança
neste mundo sem fronteiras.

Atolados nas dívidas a granel
para os “boys” encherem o farnel
os governantes perderam o tino…
mas a maralha em grosso desatino
há-de varrer a corja de ladrões
que nos roubam os últimos tostões.

Virá depois o conforto merecido
neste país belo e tão querido
onde cada um tenha o seu lugar
sem necessidade de mendigar;
toda a miséria vai ser enlatada
numa sociedade transformada.

   Joaquim Coelho




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sábado, 2 de abril de 2011

GASOLINAS - Estamos a ser enganados

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Um Vídeo bem conseguido, ajuda a perceber como nos enganam!

LINK:       http://imgs.sapo.pt/sapovideo/swf/flvplayer-sapo.swf?v7&file=http://rd3.videos.sapo.pt/flHWZvffDzTEl0ic2Jdz/mov/1

O negócio das gasoleiras continua a prosperar
e os viajantes continuam a pagar! 

O descaramento é tal
que incomoda qualquer mortal.

Joaquim Coelho



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segunda-feira, 21 de março de 2011

Guerras Ultramarinas - Opiniões

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GUERRAS ULTRAMARINAS - Opiniões

A questão das guerras ultramarinas tem merecido uma avalanche de opiniões e comentários cujos autores mais parecem mixordeiros a atirar lama para cima das muitas centenas de milhares de combatentes que cumpriram, o melhor que puderam e souberam, os seus deveres patrióticos. Alguns dos comentadores e contadores  de estórias chegam a resvalar para o ridículo das narrativas abstractas conjecturando cenários jamais imaginados. O que lemos e ouvimos são incongruências desfasadas da realidade que muitos viveram naquele tempo. Custa-me acreditar que os homens, com graves responsabilidades nas acções brutais de repressão e chacina aquando dos acontecimentos da revolta na Baixa do Cassange, tenham a veleidade de vir para a praça pública tentar justificar os excessos cometidos pelos seus comandados. Seria mais razoável que essa gente se recolhesse no silêncio, resguardando no esquecimento os seus actos selvagens.


Ao longo dos tempos, muitos dos intervenientes nas primeiras operações de guerra (caçadores especiais, polícias, pára-quedistas, especialistas da Força Aérea) que comigo conviveram ou convivem, manifestam cautela e incomodam-se quando vem à tona alguma referência a esse período negro do tempo das operações militares em Angola.
Os crimes cometidos contra as populações trabalhadoras, que as autoridades desprezaram em favor dos exploradores da Cotonang (empresa de capitais maioritariamente belgas), são monstruosos e irreparáveis. A administração portuguesa determinou o aniquilamento de muitos milhares de agricultores que a Cotonang escravizava. Para isso, usou as armas da polícia e dos militares mal preparados para acções de policiamento, enquanto a Força Aérea bombardeou e arrasou aldeias inteiras. Os mais conscientes tentaram conter a brutalidade das acções repressivas, mas cedo perceberam a sua incapacidade para suster a máquina destrutiva.
Na tentativa de silenciar aqueles que pudessem testemunhar para o mundo tamanha chacina, as autoridades nomearam “grupos especiais” para fazer buscas de casa em casa e “caçar” os presumíveis “cabecilhas” dos revoltosos. Numa dessas vergonhosas missões de “assassinatos” selectivos, o próprio comandante do grupo recusou estar presente no acto de fuzilamento sumário. Ainda hoje, alguns dos intervenientes numa acção de fuzilamento, levada a cabo na Gabela, não entendem como foi possível a tropa portuguesa, que se presume civilizada, chegar ao ponto de praticar actos de tamanha crueldade.




Depois, veja-se o que fizeram as autoridades policiais e militares, bem como os colonos brancos nos muceques de Luanda, a partir do dia dos funerais dos sete polícias vítimas dos assaltos na noite de 4 de Fevereiro de 1961 – foi uma autêntica caça ao “bandido” com muitos milhares de sevícias e assassinatos. Os ódios foram atiçados e a resposta selvagem não tardou. Dizer que o Salazar estava avisado da preparação das atrocidades contra os brancos e negros bailundos era pura fantasia. O que se passou teve tamanha dimensão e foi tão macabro que ninguém imaginou tal hecatombe. Não venham, agora, os adivinhas do costume tentar justificar o que quer que seja. Meus caros, não há desculpas para tanta crueldade e chacinas a sangue frio, como aconteceu na Baixa do Cassange, nos últimos meses de 1960, nos muceques de Luanda, em Fevereiro e no norte de Angola, a partir da noite de 15 de Março de 1961.


Dos exemplos de incongruências, temos os actos de “bravura” do alferes Fernando Robles, da 6ª companhia de Caçadores Especiais, que não são mais do que desmandos por lhe ter sido dada liberdade para matar indiscriminadamente as populações indígenas. A loucura foi tal que o levou a descorar as regras elementares de precaução e deixou que o inimigo causasse dezenas de baixas entre os seus homens, quando progredia em zona infestada de bakongos instrumentalizados para estripar e esquartejar seres humanos. Provavelmente, a sua experiência na Baixa do Cassange, contra populações desarmadas, o tenha deslumbrado ao ponto de tamanha leviandade. A crueldade não justificou as chacinas nem os ódios que se tornaram intoleráveis. As consequências foram dramáticas, mas ninguém poderia saber o que esperava as populações das roças do café e das povoações das terras do norte de Angola. A ideia de que Salazar poderia saber dos planos para o massacre de 15 de Março de 1961 só pode ser falaciosa e mostra quanto de ignorância anda na cabeça de muitos escribas que pretendem deformar a história. 
Tenhamos respeito pelos mortos e estropiados, bem como pelos desenraizados que o ambiente de guerra mutilou no corpo e na alma. O sofrimento e as angústias dos soldados e dos familiares deve merecer a mais alta estima da nação. Deixemos que a história faça o seu percurso serenamente e acreditemos que ainda há escribas honestos e livres para fazer o seu trabalho com competência.

Joaquim Coelho – combatente, em Angola por convicção, e em Moçambique, por imposição.


Capitão Mendonça da 6ª CCaçEspeciais
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domingo, 20 de março de 2011

Guerras Ultramarinas - 50 anos


MEMÓRIAS DA GUERRA ULTRAMARINA – 50 ANOS
A tragédia que anunciou o fim do Império ultramarino chegou em 4 de Fevereiro de 1961 a Luanda. A Casa de Reclusão Militar, a Cadeia de São Paulo e a 4ª Esquadra da PSP, foram atacadas por grupos de insurrectos que as assaltaram. A refrega sangrenta deu sete polícias e algumas dezenas de bandoleiros mortos. Foi uma madrugada de raiva que se anunciava por causa dos conflitos laborais com os trabalhadores
produtores de algodão na Baixa do Cassange. A agitação na cidade de Luanda era perceptível desde que as autoridades portuguesas começaram a prender os cabecilhas da revolta contra a empresa Cotonang, que quis obrigar os agricultores a cultivar o algodão a preços mais reduzidos. O sossego em Luanda terminou abruptamente. No dia do funeral dos polícias, e nos dias que se seguiram, a população branca avançou contra as populações dos muceques e abateu centenas de negros. Foi o atiçar do ódio que se veio a espalhar pelas terras do norte de Angola, a partir do dia 15 de Março de 1961. Este dia ficará na memória de muitas famílias de colonos como o mais trágico acontecimento no norte de Angola. As atrocidades foram tão violentas e dramáticas que ninguém podia ficar indiferente à quantidade de vítimas, entre as quais, muitas mulheres e crianças esventradas.  
Os primeiros militares intervenientes, que resistiram ao tempo, têm gravado na memória os dramáticos acontecimentos ocorridos durante as missões que os levaram até aos confins daquele vasto território. As picadas cortadas com abatises ou valas profundas demoravam muitos dias a percorrer; o inimigo astuto, escondido entre o capim, aproveitava para atacar nos locais mais complicados para a defesa; as chuvas provocavam lamaçais de difícil progressão; o apoio aéreo, muito escasso, era um factor de preocupação permanente no socorro e evacuação aos feridos. Estes eram os principais obstáculos que os bravos soldados portugueses tiveram de enfrentar, até se conseguir estabilizar a ocupação das localidades vandalizadas, o que demorou cerca de cinco meses.
Nos primeiros tempos da guerra, os combatentes dos reduzidos efectivos militares tiveram que se esforçar até aos limites das suas capacidades humanas para socorrer as populações isoladas nos locais mais desprotegidos das povoações da região afectada pelos bandoleiros. Depois das atrocidades dos primeiros dias, os que escaparam, fugiram para outros locais na busca de protecção; muitas das vezes, acabaram por cair nas mãos dos sanguinários da UPA (União das Populações de Angola), que os mutilaram, deceparam e mataram.
As tropas mais activas e bem preparadas estavam a braços na contenção da revolta dos camponeses do Cassange e nas buscas aos muceques de Luanda. As companhias de Caçadores Especiais avançaram na reconquista das picadas e povoações dos Dembos, tendo sido a 6ª companhia que mais se notabilizou a dizimar tudo que era preto, com o Alferes Fernando Robles a destacar-se na guerra do “olho por olho, dente por dente”; a sua acção na reconquista do terreno da UPA ficou marcada por numerosas baixas entre mortos e feridos. A 5ª companhia andou a bater a zona do Caxito e Úcua, com recurso ao sistema da psico-social para acolhimento das populações, mas bastante repressivo para com os negros acusados de serem infiltrados da UPA.


Para socorrer os colonos e populações atacadas pelos bandoleiros, destacaram-se os grupos de Pára-quedistas organizados em secções, com especial relevo para a defesa das povoações de 31 de Janeiro, Damba, Maquela do Zombo, Sacandica, Quibocolo, Bungo, Songo, Mucaba, Lucunga e outras onde foram necessárias acções rápidas e eficazes. Destacaram-se alguns elementos mais ousados, entre eles, o Alferes Mota da Costa, os Tenentes Veríssimo e Mansilha, o sargento Santiago, os soldados Eugénio Dias e Pimentel. No decorrer das primeiras missões, morreram em combate o Alferes Mota da Costa, o soldado Domingos e o cabo Almeida Cunha (este por não se ter aberto o pára-quedas ao saltar sobre a serra da Canda).
Para avançar com mais força para a reconquista das terras tomadas pela UPA, foram mobilizados os Batalhões de Caçadores 96 e 114 e o Esquadrão de Cavalaria 149, para a reconquista de Nambuangongo (santuário das forças da UPA), com o custo de várias dezenas de mortos e centenas de feridos. A Força Aérea foi conquistando os céus do norte de Angola à medida que foram sendo activadas pistas nas povoações; as condições logísticas e materiais permitiram apoiar os Pára-quedistas nas grandes operações de reconquista de Quipedro, Serra da Canda, Sacandica e Inga, locais de difícil acesso por terra.






Ainda no tempo da reconquista e ocupação de posições no terreno, o Manuel Joaquim da Rocha Bastos, pertencente à Companhia de Caçadores 168 do BCaç159, relatou duas situações bem complicadas no “baptismo de guerra”:
- “Quando a companhia seguia de Catete para a fazenda Maria Teresa, sofremos uma forte emboscada, com tiros vindos do meio do capim; o combate foi prolongado e a reacção obrigou à retirada do inimigo, mas atingiu um companheiro que não resistiu e morreu. O comandante da força entendeu que os bandoleiros não deviam ficar sem resposta adequada e pediu reforços ao Batalhão; com mais um pelotão, desencadeou uma batida por toda a zona e durante dois dias limpámos tudo que nos parecesse bandido. Mais tarde, instalados em Quipedro, não nos deram sossego durante quatro meses, havia semanas em que os ataques eram diários, o que nem permitia a aproximação e aterragem das avionetas para reabastecer ou levar o correio. Tivemos alguns confrontos directos com os bandoleiros, pois chegaram ao ponto de nos desafiar para fora do arame farpado e na zona onde aterravam os aviões.”




A guerra durou treze longos e dolorosos anos, por ela passaram mais de um milhão de combatentes, que deram o seu melhor ao serviço duma causa que pouco lhes dizia. Serviram a Pátria que juraram defender, independentemente de ideologias ou de sofismas. Dos cerca de 10.000 mortos, mais de 1.700 ficaram lá abandonados em cemitérios espalhados pelos mais distantes locais. A guerra deixou mais de 30.000 deficientes; muitos outros regressaram com graves sequelas no corpo e na alma, com as quais vivem os dramas dos traumas e das doenças que lhes tolhem a vida. Mas a grande maioria desses homens souberam manter intacta a dignidade dos bons portugueses, mesmo quando os governantes os desprezam e ostracizam. Foram estes oitocentos mil que, sem qualquer apoio ou reconhecimento pelo serviço prestado à Pátria, se instalaram nas mais diversas actividades produtivas, investindo os seus conhecimentos e dinheiros ao serviço de Portugal. Foi tal o desprezo e a humilhação manifestada pelos poderes públicos que alguns milhares acabaram por seguir o rumo da emigração. A persistência das Associações de Combatentes permitiu que o Estado começasse a prestar alguma ajuda aos antigos combatentes mais necessitados; especialmente a Associação Portuguesa dos Veteranos de Guerra tem prestado valioso apoio médico e logístico, além dos projectos que estão em curso para construção de estruturas capazes de alojar os que vivem mais isolados e carenciados; é um trabalho meritório que devemos apoiar com brio e convicção, mas estaremos atentos aos protagonistas indesejáveis.


Como disse há algum tempo, num debate público sobre a aferição dos valores que equilibram uma sociedade racional, mantenho a opinião de que a questão dos heróis sempre incomodou os cobardes e os acomodados. Seja no combate para defesa da Pátria, seja no combate aos fogos ou nas missões de salvamento das populações atingidas por flagelos e tempestades. A questão é mais pertinente quando ouvimos dizer e lemos comentários a tentar distorcer esses valores, referindo que os que desertaram foram mais corajosos do que os que foram para a guerra; que os cobardes são aqueles que aceitaram ir combater nas terras ultramarinas. Os valores da solidariedade, da colaboração, da defesa dos princípios democráticos e da paz não dependem de ideologias ou de regimes políticos; aceitam-se, defendem-se e praticam-se. Não há meias tintas; ou se é bom cidadão ou não. Os marginais, os parasitas, os cobardes e os traidores são nocivos à sociedade; uns porque são criminosos, outros são acomodados; é preciso reagir, ser solidário e produtivo. São esses arautos do laxismo e do facilitismo que degradam os valores que devem balizar a aquisição dos conhecimentos necessários ao desempenho com competência, saber e respeito. 
Sabemos que já lá vão 50 anos e o assunto das guerras ultramarinas não é tema recorrente nas escolas; o que é vergonhoso para a história de um país que deixou centenas de pessoas desenraizadas ou traumatizadas para o resto das suas vidas. Todos devem merecer respeito pelos anos passados em situações de perigo, sofrimento e privações de toda a ordem; uns aguentaram e foram valentes, outros fraquejaram e continuam a sofrer. Ainda somos muitos com direito de voto democrático, saberemos usá-lo com sentido do dever cumprido.

Joaquim Coelho - combatentes em Angola, por convicção; em Moçambique,
por imposição. 
(Publicado na revista "O Veterano de Guerra" da APVG)





Por coincider com as minhas opiniões, faço vénia ao autor e deixo o seguinte Texto:

Lamentável é a ingratidão

Público 2011-03-17, por Pedro Lomba

A guerra colonial começou há 50 anos. Não é do meu tempo. Só não tem o significado da guerra do Peloponeso, porque, digamos, foi uma guerra que envolveu Portugal, e Portugal sempre é o país onde nascemos. É difícil falar dela sem ceder às brigadas do politicamente correcto. Não foi o caso do Presidente da República, que, numa cerimónia de homenagem aos antigos combatentes, invocou o exemplo da "coragem" e do "desprendimento com que os jovens de há 50 anos assumiram a sua participação na guerra do Ultramar".
Isto, que em qualquer democracia digna não mereceria mais do que uma nota de pé de página, no nosso Portugalinho ainda não se pode dizer. O policiamento a que somos invariavelmente sujeitos deprime. A terreiro tinha logo de vir o Danton do burgo, Francisco Louçã, criticar Cavaco por "reescrever a História" e "distinguir a intervenção militar". E acrescentou a seguir o líder do Bloco de Esquerda: "Cavaco Silva está em guerra com o passado. Só assim se compreende comparar as "Forças Armadas de hoje com as da ditadura e do colonialismo."
Nunca me ocorreu fazer o mais leve reparo sobre aqueles que, tendo sido forçados pelo regime a combater uma guerra de que discordavam frontalmente, resolveram desertar, fugir ou exilar-se. (Recordo que essa infâmia foi arremessada contra Manuel Alegre nas últimas presidenciais.) Não é só por falta de legitimidade histórica ou política. Por uma questão básica de respeito: eles tinham convicções e se há exercício que testa genuinamente a consciência liberal de uma pessoa é esse. Nenhum Estado, nem mesmo numa democracia quanto mais numa ditadura, pode dispor em absoluto das convicções de consciência de uma pessoa. E não preciso dizer que muitos são credores do nosso agradecimento: lutaram por uma democracia que, apesar de ter chegado a este estado doentio, será sempre superior às alternativas.
Pelas mesmas razões, tenhamos a coragem de "vestir a pele" dos muitos portugueses nascidos na década de 30-40 que tomaram a decisão precisamente contrária. Melhor, que não tomaram qualquer decisão, porque encararam a participação na guerra como um facto inevitável. Foram muitos. Entenderam que o seu dever era estar ali. Fizeram-no pagando um preço pessoal elevado. Para a maioria, presumo, não era Salazar nem Caetano. Eram eles próprios, era o sentido do dever, da dignidade e da sobrevivência. Muitos eram milicianos, não eram bem-nascidos nas burguesias de Lisboa como o próprio Louçã e outros, não tinham tempo para pensar em política. E o que tem Louçã para dizer a esses portugueses: que estavam enganados, que todo aquele empenho, coragem e honra não merecem nenhum respeito, reverência ou admiração. Que eles não são, nem podem ser exemplo para ninguém. É isto que a cabeça totalitária de Francisco Louçã tem para lhes dizer.
Pois, como outros dizem, não apaguem a memória. Os antigos combatente são mesmo um exemplo. E isto, repito, não é reescrever a História. A História está escrita. Tem sido escrita. Não pode é ser a História contada pelos que dela se apropriaram.
Se Louçã percebesse, já não digo valorizasse, um mínimo da ética militar, um mínimo da continuidade de valores que deve animar um país, não diria que existiam umas Forças Armadas da "ditadura e do colonialismo" e outras da democracia. Existia um regime da ditadura, tal como existe outro regime da democracia. Sim, não são iguais. Mas o dever militar, que, entre outras coisas, requer obediência e prontidão, esse tem de ser o mesmo. A culpa e a responsabilidade pertencem aos políticos. Os portugueses impreparados que irresponsavelmente partiram para a Flandres em 1918 sabiam disso.
Louçã e companhia, na sua falta de gratidão e respeito pelo passado, gostariam de esconder os antigos combatentes, fechá-los num armário para que eles não apareçam, porque são a memória de um tempo iníquo. E dizem-se eles democratas e liberais. Não vejo onde.
Jurista

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